Ataque e defesa
Os cânceres são notórios por produzir compostos químicos
que confundem o sistema imunológico, frustrando as defesas biológicas.
Para combater esse efeito, alguns tratamentos tentam
neutralizar o arsenal químico do câncer e aumentar a resposta imune do
paciente.
Contudo, as tentativas de fazer as duas coisas ao mesmo
tempo raramente são bem-sucedidas.
Bionanotecnologia
Agora, cientistas usaram a bionanotecnologia para
desenvolver um sistema que fornece ao corpo, simultaneamente, uma dose
sustentada de um reforço para o sistema imunológico, e de um medicamento para
inibir a produção dos compostos químicos do câncer.
Isto resultou em uma potente terapia combinada que, em
experimentos em animais, retardou o crescimento de alguns tumores e chegou a
colocar outros em remissão, levando a taxas de sobrevivência significativamente
maiores.
Essa técnica para a aplicação simultânea de vários
tratamentos pode resolver as frustrantes dificuldades que as chamadas terapias
medicamentosas combinatórias têm enfrentado.
Esta ilustração mostra um nanolipogel aplicando sua carga
imunoterápica. As esferas azul-claras dentro dos vasos sanguíneos, assim como a
esfera maior em primeiro plano, são os nanolipogéis (NLGs). Conforme eles se
quebram, liberam IL-2 (pontinhos verdes), que ajudam a recrutar e ativar a
resposta imunológica do corpo (as células esferoides roxas). As pequenas
esferas azuis brilhantes são o tratamento adicional, uma droga contra o câncer
que inibe o TGF-beta (uma das defesas químicas do câncer). [Imagem: Nicolle
Rager Fuller/NSF]
Nanolipogels
Classificada como imunoterapia, a nova técnica usa
medicamentos já bem estudados, mas leva-os para o organismo usando nanolipogéis
(NLGs: NanoLipoGels), uma tecnologia inovadora para o transporte de
medicamentos.
Os NLGs (nanolipogéis ou nanolipogeles) são esferas ocas
biodegradáveis com dimensões em nanoescala (bilionésimos de metro), cada uma
capaz de acomodar grandes quantidades de moléculas quimicamente diferentes.
Aparentemente as nanoesferas se acumulam nos vasos
sanguíneos frágeis dos tumores, liberando sua carga de forma controlada e
sustentada, conforme as paredes das nanoesferas e sua estrutura interior
quebram-se na corrente sanguínea.
Imunoterapia
Nestes experimentos iniciais, os NLGs continham dois
componentes: uma droga inibidora que ataca uma defesa particularmente potente
do câncer chamada fator de crescimento transformador-beta (TGF-beta), e a
interleucina-2 (IL-2), uma proteína que induz o sistema imunológico a responder
às ameaças em pontos específicos.
A capacidade de empacotar dois tipos completamente
diferentes de moléculas - grandes proteínas solúveis em água, como a IL-2, e
pequenas moléculas hidrofóbicas, como o inibidor de TGF-β - em um mesmo
invólucro foi fundamental para o sucesso do tratamento.
Os pesquisadores, da Universidade de Yale (EUA),
descreveram suas descobertas na edição desta semana da revista Nature
Materials.
Diário da Saúde 18/07.
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