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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Vasectomia: o que é e como é feita.

 
A vasectomia é uma cirurgia realizada nos homens como método contraceptivo, quando estes não querem mais ter filhos.
Infelizmente, muitos mitos e desinformação cercam o assunto, o que às vezes assusta candidatos à operação. Apesar de tornar o homem estéril, o procedimento é bastante seguro e não causa nenhum problema de ereção, na produção de hormônios masculinos ou no desempenho sexual.

 Como funciona?
A vasectomia interrompe a circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos e conduzidos através do epidídimo (tubo em forma de novelo que se localiza na parte superior dos testículos) para os canais deferentes que desembocam na uretra.
Conforme explica o médico urologista Oskar Kaufmann, as duas extremidades desses dois canais que transportam o esperma são seccionadas, e então amarradas. Com a interrupção desse caminho, o sêmen fica sem espermatozoides.

Segundo Sami Arap, professor de urologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e médico do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio-Libanês, a vasectomia é uma operação muito simples.

“O indivíduo não precisa estar em jejum. Na sala de cirurgia, é feita uma pequena infiltração local com anestésico e uma incisão de um centímetro em cada lado do saco escrotal. O maior desconforto que o paciente experimenta é quando o médico isola digitalmente os deferentes, canais que levam os espermatozoides do epidídimo para a uretra, e anestesia de novo. A seguir, corta-se o deferente, interpõe-se tecido conjuntivo entre os dois pontos para não recanalizar e fecha-se a incisão. Pronto. O indivíduo está liberado para voltar para casa. Muitos saem do hospital e vão direto para o trabalho”, explica Arap.

Alguns pacientes podem ter um pequeno desconforto testicular, porque o procedimento bloqueia a passagem dos espermatozoides para o sêmen que vai ser ejaculado, e o epidídimo fica um pouco hipertenso. “Após o procedimento, geralmente é comum o comentário da percepção de que ‘foi mexido’, principalmente na região escrotal, mas que não chega a configurar dor. E no momento de uma relação sexual não haverá nenhum tipo de dor peniana, prevalecendo a sensação habitual de prazer”, esclarece o Dr. Kaufmann.

Fora isso, a cirurgia raramente traz qualquer inconveniente. Por outro lado, soluciona um problema importante para o casal que já tem filhos, gostaria de poder fazer sexo mais livremente, e não quer correr o risco de uma gravidez indesejada. “É ridículo propor a esterilização da mulher porque o homem tem medo da cirurgia, de perder a masculinidade, ou de outra coisa qualquer”, argumenta Arap.

A vasectomia não altera a produção nem a quantidade de líquido espermático eliminado na ejaculação. Ela continuará a ocorrer normalmente. Talvez o líquido fique um pouco mais fluido do que o esperma normal, mas isso não é sequer percebido.

Homens de todas as idades e maturidades considerando a vasectomia podem respirar aliviados. Essa operação é muito menos invasiva do que a equivalente em mulheres, e só deve proporcionar alegria e tranquilidade ao casal. Médicos e especialistas até acreditam que a vida sexual melhora, devido à descontração na hora de realizar o ato.

“Não existe nenhum prejuízo ou vantagem orgânica objetiva com relação à potência ou a desempenho sexual. O que melhora é a libido do vasectomizado, porque ele passa a transar sem preocupação, sem ter que pular fora, sem usar camisinha. Além disso, a mulher se solta e passa a ser mais participativa, porque desaparece o medo de engravidar. Como se vê, do ponto de vista sexual, a vasectomia representa um benefício para o casal”, opina Arap.
Existe algum risco?

Por ser tão simples e realizada dentro de um dia, essa operação pode ser feita em um consultório médico, clínica ou hospital. O paciente precisa estar ciente dos possíveis riscos e complicações e entender que o procedimento, embora geralmente bem sucedido, não é garantido para torná-lo estéril.

Sendo assim, é importante que os homens obtenham resposta para todas as suas dúvidas antes de assinar o formulário de consentimento da cirurgia.
Apesar de ser muito segura, como todas as outras operações, existem possíveis riscos e complicações da vasectomia, como sangramento e infecção.

Outros problemas potenciais que podem surgir é granuloma do esperma (um pedaço pequeno e inofensivo pode se formar onde o canal deferente é selado); acúmulo de esperma, que pode causar dor nos testículos (anti-inflamatórios podem proporcionar alívio) e epididimite, uma inflamação que pode causar dor escrotal e muitas vezes desaparece sem tratamento (anti-inflamatórios também podem proporcionar conforto).

Também pode ocorrer reconexão dos canais deferentes, que torna o homem fértil novamente e pode resultar em uma gravidez indesejada – mas é muito rara. Outra condição bastante rara é o desconforto testicular de longo prazo.
Por fim, anticorpos de esperma se formam como resposta comum do corpo ao esperma absorvido. Eles podem tornar o homem estéril, mesmo que posteriormente ele tente reverter sua vasectomia.

Não é bem “nunca mais”
Via de regra, a vasectomia é recomendada a homens férteis, geralmente com idade acima dos trinta anos, que já possuem família constituída (de preferência, dois ou mais filhos), tendo como objetivo o planejamento familiar, em total acordo com as suas companheiras.

Sendo assim, depois da operação, a ideia é não ter mais filhos. Por isso, é extremamente necessário que o homem faça uma acompanhamento pós-cirúrgico. “Em 2% ou 3% dos casos, por alguma razão, a ligadura da parte que vai do testículo para o deferente forma um granuloma espermático e vasa um pouco de esperma. Por isso, depois de um ou dois meses, quem fez vasectomia deve fazer um espermograma, já que a possibilidade de gravidez existe, uma vez que ainda pode haver espermatozoides no esperma”, explica o Dr. Arap.

Esse espermograma é obrigatório, pois, mesmo que mínima, existe uma chance da operação não ter funcionado.
Também, é importante ressaltar que a cirurgia não é irreversível. A reversão é um ato tecnicamente viável e possível. Se for feita três ou quatro anos depois da vasectomia, em 90% dos casos o espermograma é bom, e em 70% dos casos existe a chance de a mulher engravidar.

À medida que o tempo passa, surgem obstruções no lugar em que foi feita a ligadura, o que complica a reversão. Pode ser necessária uma operação mais delicada que, em vez de tirar aquele segmento e ligar os dois ductos deferentes novamente, cria uma nova conexão que deixa fora a área obstruída.

“É tão delicada que exige um microscópio capaz de aumentar entre 20 e 25 vezes, porque o tubo epididimálio é minúsculo. É um procedimento caro e complicado que só deve ser feito por mãos de gente bem treinada”, sugere Sami Arap.

Dez anos depois de feita a vasectomia, a probabilidade de gravidez oscila entre 30% e 40%. Entretanto, o casal pode contar também com métodos modernos e avançados de reprodução assistida. Por exemplo, pode-se retirar espermatozoide do homem através de punção ou durante uma biópsia testicular, método que permite a gravidez em 90% dos casais inférteis, inclusive quando o homem tem azoospermia, isto é, ausência total de espermatozoides no sêmen. Porém, é um procedimento caro e que envolve também punção no ovário da mulher, a fim de poder gerar um “bebê de proveta”.

hypescience.com

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