A vasectomia é uma
cirurgia realizada nos homens como método contraceptivo, quando estes não
querem mais ter filhos.
Infelizmente, muitos mitos
e desinformação cercam o assunto, o que às vezes assusta candidatos à operação.
Apesar de tornar o homem estéril, o procedimento é bastante seguro e não causa
nenhum problema de ereção, na produção de hormônios masculinos ou no desempenho
sexual.
Como funciona?
A vasectomia interrompe a
circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos e conduzidos através
do epidídimo (tubo em forma de novelo que se localiza na parte superior dos
testículos) para os canais deferentes que desembocam na uretra.
Conforme explica o médico
urologista Oskar Kaufmann, as duas extremidades desses dois canais que
transportam o esperma são seccionadas, e então amarradas. Com a interrupção
desse caminho, o sêmen fica sem espermatozoides.
Segundo Sami Arap,
professor de urologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP) e médico do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio-Libanês, a
vasectomia é uma operação muito simples.
“O indivíduo não precisa
estar em jejum. Na sala de cirurgia, é feita uma pequena infiltração local com
anestésico e uma incisão de um centímetro em cada lado do saco escrotal. O
maior desconforto que o paciente experimenta é quando o médico isola
digitalmente os deferentes, canais que levam os espermatozoides do epidídimo
para a uretra, e anestesia de novo. A seguir, corta-se o deferente, interpõe-se
tecido conjuntivo entre os dois pontos para não recanalizar e fecha-se a
incisão. Pronto. O indivíduo está liberado para voltar para casa. Muitos saem
do hospital e vão direto para o trabalho”, explica Arap.
Alguns pacientes podem ter
um pequeno desconforto testicular, porque o procedimento bloqueia a passagem
dos espermatozoides para o sêmen que vai ser ejaculado, e o epidídimo fica um
pouco hipertenso. “Após o procedimento, geralmente é comum o comentário da
percepção de que ‘foi mexido’, principalmente na região escrotal, mas que não
chega a configurar dor. E no momento de uma relação sexual não haverá nenhum
tipo de dor peniana, prevalecendo a sensação habitual de prazer”, esclarece o
Dr. Kaufmann.
Fora isso, a cirurgia
raramente traz qualquer inconveniente. Por outro lado, soluciona um problema importante
para o casal que já tem filhos, gostaria de poder fazer sexo mais livremente, e
não quer correr o risco de uma gravidez indesejada. “É ridículo propor a
esterilização da mulher porque o homem tem medo da cirurgia, de perder a
masculinidade, ou de outra coisa qualquer”, argumenta Arap.
A vasectomia não altera a
produção nem a quantidade de líquido espermático eliminado na ejaculação. Ela
continuará a ocorrer normalmente. Talvez o líquido fique um pouco mais fluido
do que o esperma normal, mas isso não é sequer percebido.
Homens de todas as idades
e maturidades considerando a vasectomia podem respirar aliviados. Essa operação
é muito menos invasiva do que a equivalente em mulheres, e só deve proporcionar
alegria e tranquilidade ao casal. Médicos e especialistas até acreditam que a
vida sexual melhora, devido à descontração na hora de realizar o ato.
“Não existe nenhum
prejuízo ou vantagem orgânica objetiva com relação à potência ou a desempenho
sexual. O que melhora é a libido do vasectomizado, porque ele passa a transar
sem preocupação, sem ter que pular fora, sem usar camisinha. Além disso, a
mulher se solta e passa a ser mais participativa, porque desaparece o medo de
engravidar. Como se vê, do ponto de vista sexual, a vasectomia representa um benefício
para o casal”, opina Arap.
Existe algum risco?
Por ser tão simples e
realizada dentro de um dia, essa operação pode ser feita em um consultório
médico, clínica ou hospital. O paciente precisa estar ciente dos possíveis
riscos e complicações e entender que o procedimento, embora geralmente bem
sucedido, não é garantido para torná-lo estéril.
Sendo assim, é importante
que os homens obtenham resposta para todas as suas dúvidas antes de assinar o
formulário de consentimento da cirurgia.
Apesar de ser muito
segura, como todas as outras operações, existem possíveis riscos e complicações
da vasectomia, como sangramento e infecção.
Outros problemas
potenciais que podem surgir é granuloma do esperma (um pedaço pequeno e
inofensivo pode se formar onde o canal deferente é selado); acúmulo de esperma,
que pode causar dor nos testículos (anti-inflamatórios podem proporcionar
alívio) e epididimite, uma inflamação que pode causar dor escrotal e muitas
vezes desaparece sem tratamento (anti-inflamatórios também podem proporcionar
conforto).
Também pode ocorrer
reconexão dos canais deferentes, que torna o homem fértil novamente e pode
resultar em uma gravidez indesejada – mas é muito rara. Outra condição bastante
rara é o desconforto testicular de longo prazo.
Por fim, anticorpos de
esperma se formam como resposta comum do corpo ao esperma absorvido. Eles podem
tornar o homem estéril, mesmo que posteriormente ele tente reverter sua
vasectomia.
Não é bem “nunca mais”
Via de regra, a vasectomia
é recomendada a homens férteis, geralmente com idade acima dos trinta anos, que
já possuem família constituída (de preferência, dois ou mais filhos), tendo
como objetivo o planejamento familiar, em total acordo com as suas
companheiras.
Sendo assim, depois da
operação, a ideia é não ter mais filhos. Por isso, é extremamente necessário
que o homem faça uma acompanhamento pós-cirúrgico. “Em 2% ou 3% dos casos, por
alguma razão, a ligadura da parte que vai do testículo para o deferente forma
um granuloma espermático e vasa um pouco de esperma. Por isso, depois de um ou
dois meses, quem fez vasectomia deve fazer um espermograma, já que a
possibilidade de gravidez existe, uma vez que ainda pode haver espermatozoides
no esperma”, explica o Dr. Arap.
Esse espermograma é
obrigatório, pois, mesmo que mínima, existe uma chance da operação não ter
funcionado.
Também, é importante
ressaltar que a cirurgia não é irreversível. A reversão é um ato tecnicamente
viável e possível. Se for feita três ou quatro anos depois da vasectomia, em
90% dos casos o espermograma é bom, e em 70% dos casos existe a chance de a
mulher engravidar.
À medida que o tempo
passa, surgem obstruções no lugar em que foi feita a ligadura, o que complica a
reversão. Pode ser necessária uma operação mais delicada que, em vez de tirar
aquele segmento e ligar os dois ductos deferentes novamente, cria uma nova
conexão que deixa fora a área obstruída.
“É tão delicada que exige
um microscópio capaz de aumentar entre 20 e 25 vezes, porque o tubo
epididimálio é minúsculo. É um procedimento caro e complicado que só deve ser
feito por mãos de gente bem treinada”, sugere Sami Arap.
Dez anos depois de feita a
vasectomia, a probabilidade de gravidez oscila entre 30% e 40%. Entretanto, o
casal pode contar também com métodos modernos e avançados de reprodução
assistida. Por exemplo, pode-se retirar espermatozoide do homem através de
punção ou durante uma biópsia testicular, método que permite a gravidez em 90%
dos casais inférteis, inclusive quando o homem tem azoospermia, isto é,
ausência total de espermatozoides no sêmen. Porém, é um procedimento caro e que
envolve também punção no ovário da mulher, a fim de poder gerar um “bebê de
proveta”.
hypescience.com
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