Será que o açúcar pode ser
tóxico?
No tempo que você leva
para ler essa frase, uma pessoa no mundo morreu de diabetes tipo 2. Duas outras
serão diagnosticadas com a doença.
A diabetes tem uma
progressão lenta e está ligada com a obesidade, e por isso é considerada
“diferente” e “autoinduzida”. Apesar de ser uma “assassina”, não é tão violenta
como o câncer e doenças infecciosas. Mas, ao analisar os impactos pessoais e
econômicos que ela causa, nós deveríamos dar mais atenção para ela.
De acordo com uma pesquisa
da Universidade da Califórnia, o açúcar é um risco à saúde – contribuindo com
cerca de 35 milhões de mortes por ano – e por isso deveria ser considerado uma
substância potencialmente tóxica como o álcool e o tabaco.
Os pesquisadores dizem que
sua ligação com a diabetes é tão grande, que impostos extras deveriam ser
cobrados sobre comidas e bebidas com muito açúcar. Eles também recomendam o
banimento da venda desse tipo de alimento perto de escolas, assim como
restrições de idade nos produtos.
Você deve ter pensado:
açúcar? Tóxico? Impossível. A verdade é que existe muita evidência de que o
açúcar realmente é perigoso, por ser um fator de duas epidemias irmãs: a
obesidade e a diabetes.
Os pesquisadores
argumentam que particularmente tóxica é a sacarose – um composto natural
formado de glicose e frutose, que é refinado para produzir o açúcar branco e um
super açúcar processado. Ambos são adicionados aos alimentos processados –
cereais, barras de café da manhã, algumas carnes, iogurtes, sopas e molhos. Ao
invés de aumentar o conteúdo de frutas de um alimento, os produtores preferem
colocar mais açúcar processado.
O que faz desse açúcar tão
perigoso é que a frutose do açúcar refinado é quebrada primeira no fígado (ao
contrário da glicose que é lentamente liberada dos carboidratos complexos,
durante a digestão). O rastro que esse açúcar refinado deixa no fígado começa
um processo que pode levar até a diabetes tipo 2.
Isso porque altos níveis
de açúcar no sangue significam que o pâncreas tem que produzir muita insulina –
um hormônio que controla essa quantidade. Com o tempo, o pâncreas se cansa e
começa a parar. Ao mesmo tempo, as células do corpo ficam resistentes aos
efeitos da insulina, mantendo os níveis de açúcar no sangue muito altos.
É importante esclarecer
que isso é diferente da diabetes tipo 1, quando as células do sistema
imunológico atacam e destroem as células secretoras de insulina. Isso pode
afetar pessoas muito jovens, e não tem relação com a alimentação. A tipo 2 é
predominante na meia idade, afetando as populações de países desenvolvidos, e
iniciada com uma dieta rica em açúcar e alimentos processados.
Ela afeta todos os órgãos
do corpo e está ligada com doenças do rim e do coração. Atinge também a
circulação sanguínea e os vasos, podendo levar a amputações e cegueira.
Por causa da nossa
alimentação, a diabetes tipo 2 está atingindo proporções epidêmicas. No Reino
Unido, existem 2,6 milhões de pessoas afetadas, e outras 1 milhão ainda não
foram diagnosticadas. O custo dessa situação na saúde é extraordinário.
Globalmente, o gasto econômico é estimado em quase R$ 1 trilhão por ano. Para
colocar em perspectiva, o custo dos terremotos e do tsunami no Japão foi de R$
180 bilhões.
Mas ao contrário da
ligação entre o fumo e o câncer de pulmão, a relação entre o açúcar e a
diabetes não chegou ao público, não se transformando em políticas de saúde.
Talvez esteja na hora de tratar a comida com açúcar da mesma maneira que os
cigarros.
Mas qual a chance de
conseguirmos isso quando as cadeias de fast food e indústrias alimentícias
estão cada vez mais influenciando as políticas de saúde?
Por Bernardo Staut em
7.02.2012 as 12:04
hypescience.com
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