Robert Lustig é um médico
americano da Universidade da Califórnia (San Francisco, EUA), especialista em
obesidade. Recentemente, ele tem promovido uma campanha para que haja leis
restritivas de consumo de açúcar semelhantes às existentes para o álcool e tabaco,
o que limitaria especialmente o acesso das crianças a produtos açucarados. Será
que existe motivo para tanta preocupação?
O endocrinologista, que
lançou um vídeo no Youtube no qual fala sobre o assunto (que já ultrapassou 2
milhões de visualizações), cita como exemplo uma série de doenças. Ele defende
que o número de problemas de saúde como pressão alta, doenças do coração e vícios
alimentares eram muito menores há 30 anos, e o responsável pelo salto nos
índices foi o açúcar.
Como exemplo, o médico
cita diabetes. Em 2011, havia 366 milhões de diabéticos no mundo (o equivalente
a 5% da população), mais do que o dobro em 1980. Mais ou menos nessa época, o
mundo começou a se preocupar e eliminar a quantidade excessiva de gordura na
alimentação. Mas ninguém sabia que alguns lipídios são bons para o organismo: a
ordem era cortar o máximo de gordura possível.
De lá para cá, fomos substituindo
a gordura por açúcar. No Reino Unido, por exemplo, os índices são alarmantes:
desde 1990, o consumo de açúcar cresceu 35%. Entre as crianças, a ingestão de
glicose representa 17% do total de calorias diárias. Como é que chegamos a esse
ponto?
A resposta do médico
americano está nos produtos industrializados. Nos últimos anos, conforme ele
explica, todos já sabem que açúcar em excesso pode fazer mal. Por isso,
substituímos o açucareiro pelo adoçante, por exemplo, e tentamos cortar o
açúcar dos alimentos que nós mesmos preparamos.
O problema é que o “açúcar
invisível”, já embutido no alimento que vem da fábrica, atinge uma quantidade
cada vez maior de produtos. Se você examinar o rótulo dos produtos que colocou
em seu carrinho de supermercado, vai descobrir que existe açúcar em coisas que
você nem imaginava.
Muitas pessoas engordam,
por exemplo, porque o açúcar é um inibidor natural da leptina, o hormônio
através do qual o estômago diz ao corpo que “já está bom, pode parar de comer”.
Algo como uma trava natural. Este e outros efeitos nocivos indiretos à saúde
por parte do açúcar também são objeto de estudo do endocrinologista americano.
O caminho para a restrição
de tais produtos, conforme o próprio Robert Lustig afirma, é complicado. A
indústria alimentícia resiste às tentativas de baixar os índices de açúcar nos
produtos por que acreditam – provavelmente com razão – que o consumo vai cair
significativamente se os alimentos nas formas em que as pessoas estão
acostumadas mudarem.
A vontade de mudar, dessa
forma, deve partir primeiramente do consumidor.
http://hypescience.com/
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