Envelhecimento e morte
fascina e aterrorizar muitos porque são forças naturais e inevitáveis que
todos nós estamos sujeitos. Estes 10 gifs, tiradas de um vídeo enviado em
Dogva.com, mostrar o que talvez tanto quanto a metade de um século de
envelhecimento pode ser semelhante em apenas alguns segundos.
As imagens apresentam
retratos de pessoas mais velhas, juntamente com retratos de sua juventude que
foram sobrepostos uns sobre os outros, alternando entre os dois. Algumas das
características dos jovens rostos permanecem - as sobrancelhas, nariz e linhas da
mandíbula podem reter formas semelhantes, mas todos eles são distorcidos pelas
marcas da velhice - flacidez, rugas e manchas. Algumas das imagens podem ter um
efeito verdadeiramente profundo como você procurar vestígios do rosto jovem no
antigo.
Dr.
Drauzio varella
ENTREVISTA
sobre ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL I
Wilson
Jacob Filho é médico e diretor do Serviço d Geeriatria do Hospital das Clínicas
da Universidade de São Paulo.
No
início do século 20, na Europa desenvolvida, a expectativa de vida ao nascer
andava ao redor dos 40 anos. Naquele tempo, homem ou mulher que atingissem essa
idade provavelmente estaria se aproximando do final de suas vidas. Hoje, aos 40
anos, eles são considerados jovens.
A
expectativa de vida praticamente dobrou nesses países no decorrer do século 20,
mas trouxe consigo uma série de problemas socioeconômicos. São muitos os que
chegam aos 70, 80 anos em condições físicas, às vezes, muito boas, mas
aposentados desde os 50 anos, obrigando a Previdência Social a manter o
pagamento dos benefícios por um período que não havia sido previsto.
Morrer
mais tarde criou também dificuldades no relacionamento familiar, especialmente
no que se refere a como lidar com parentes de idade mais avançada. Atualmente,
difícil a família que não tem alguém com 70, 80 anos em condições físicas e
mentais nem sempre íntegras.
No
entanto, não são poucas as pessoas que envelhecem e chegam aos 80 em plena
atividade sem passar pelo processo de decrepitude física e intelectual que
tanto nos assusta.
O
QUE É ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL
Drauzio
– É possível existir um envelhecimento saudável?
Wilson
Jacob Filho - Não só é possível, como hoje é nosso objetivo encontrar os
caminhos que levam ao envelhecimento saudável. Na verdade, ele é produto de
várias ações que culminam com a expectativa de vida alongada, mas em condições
de exercer todos os papéis que o indivíduo exercia ou gostaria de exercer
dentro da sociedade. O envelhecimento saudável impõe não só boa condição física
e mental, como também a inclusão social que permite desempenhar tais funções.
Drauzio
- O conceito de velhice variou com o tempo. Machado de Assis, por exemplo, em
obras escritas há pouco mais de cem anos, referia-se ao velho de 50 anos,
quando atualmente homens de 60 praticam “windsurf”. Existe um conceito médico
que caracteriza a velhice?
Wilson Jacob Filho - O conceito etário, ou
seja, baseado exclusivamente na idade cronológica, é no mínimo temporário e vai
se modificando com o passar do tempo. Tanto é que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) reconhece não só o idoso, mas criou uma nova terminologia, “muito
idoso” ou “very old”, para designar o indivíduo que chega aos 80 ou 85 anos de
idade.
Drauzio
- Segundo os critérios estabelecidos pela OMS, a partir de que idade a pessoa é
considerada idosa?
Wilson
Jacob Filho- Nos países desenvolvidos, a partir dos 65 anos e, nos países em
desenvolvimento, a partir dos 60 anos. No Brasil, portanto, é classificado como
idoso quem completa 60 anos de vida. Como se trata de um critério arbitrário,
buscamos determinar uma condição funcional através da qual seja possível
identificar as possibilidades de cada pessoa em cada faixa etária, a fim de
entender se são normais ou estão agravadas por algum processo patológico.
Delimitar essa condição é fundamental para que se possa afastar de vez o
fantasma de que o idoso tem obrigatoriamente limitações funcionais exuberantes
e que aos jovens seja imputada uma capacidade funcional absolutamente notável.
Esses extremos próprios da visão popular são maléficos e prejudiciais para os
dois segmentos etários.
ENVELHECIMENTO
ATIVO
Drauzio
- Há 50 anos, o paradigma da medicina era aconselhar as pessoas de mais idade a
fazerem repouso. Era clássica a imagem do velho de pijama, sentado na poltrona
da sala, sem fazer qualquer esforço, sem andar, sem ir sequer à padaria. Esse
paradigma foi totalmente rechaçado pela medicina atual…
Wilson
Jacob Filho - Não só rechaçado, como também contrariado. Hoje, entendemos que o
envelhecimento ativo conduz ao envelhecimento saudável. Na verdade, essas
expressões são quase sinônimas quando empregadas na literatura e nas
recomendações cotidianas. O envelhecimento ativo prioriza a atividade física
não só após o indivíduo ter atingido faixa de idade mais avançada, mas durante
todo o processo. Não se admite mais um período de sedentarismo em que a atividade
física seja interrompida por volta dos 20, 25 anos, quando ele se torna um
profissional atuante e só seja retomada mais tarde, como forma de tratamento
porque já adoeceu. Além disso, é importante manter atividade social,
profissional, afetiva e amorosa em todos os sentidos. O idoso precisa
compreender que só pertencerá à comunidade se agir como ela age. Caso
contrário, será dela excluído naturalmente.
BENEFÍCIOS
DA ATIVIDADE FÍSICA
Drauzio
– Que tipo de benefício traz manter a atividade física no decorrer de toda a
vida e especialmente depois dos 60 anos?
Wilson
Jacob Filho - A atividade física faz com
que o organismo adapte-se a um patamar maior de exigência e de capacidade de
resposta. Se olharmos o envelhecimento como
processo contínuo que vai da fase de desenvolvimento máximo até o fim da
vida, veremos que ele se caracteriza pela limitação, pela perda progressiva da
capacidade de adaptar-se, de responder a uma sobrecarga, seja do cotidiano –
correr, subir uma escada, carregar um peso – seja uma sobrecarga artificial ou
incomum, como uma doença ou condições climáticas excepcionais. Por isso, a
gripe preocupa mais nos idosos do que nos jovens e uma onda de calor mata mais
os velhos do que os moços. Na medida em que a atividade física faz com que a pessoa,
apesar da idade mais avançada, consiga preservar a capacidade de adaptação
funcional, seu organismo terá respostas mais próximas das encontradas nos
indivíduos de menos idade, isto é, preserva-se a capacidade de dar resposta à
demanda funcional.
EXERCÍCIO
AERÓBICO + EXERCÍCIO DE FORÇA
Drauzio
- Vamos considerar três décadas distintas: dos 60 aos 70, dos 70 aos 80 e acima
dos 80 anos. Qual o tipo de atividade física indicada para cada uma dessas
faixas etárias?
Wilson
Jacob Filho - Sua pergunta mostra a evolução do conhecimento sobre esse período
da vida. Houve época em que a atividade física ideal para o idoso era nenhuma.
Ele deveria ficar em repouso para preservar-se dos eventuais riscos que os
exercícios pudessem trazer.
Drauzio
- E para morrer do coração mais depressa…
Wilson Jacob Filho - Do coração, de tédio ou de
outra forma de doença agravada pela imobilidade. Depois, imaginou-se que o
indivíduo deveria fazer exercícios que preservassem sua capacidade
cardiocirculatória. Nos anos 1970, vivemos a onda dos exercícios aeróbios como
os grandes responsáveis pela prevenção de doenças cardiovasculares. Já os anos
1990 e no início do século 21 demostraram que são os exercícios de força que
fazem a diferença, quando se fala na capacidade funcional do idoso e na
prevenção de boa parte das doenças comuns nessa faixa etária. Recentemente,
numa entrevista, o próprio Kenneth Cooper, grande defensor do exercício aeróbio
como única forma de atividade física saudável, disse que intercala exercícios
aeróbios com exercícios de força (aqueles feitos contra uma resistência) para
elevar não só massa, mas a qualidade muscular, ou seja, a capacidade de o
indivíduo utilizar seus músculos quando necessário.
ESCOLHA
DOS EXERCÍCIOS
Drauzio
- Uma coisa é dizer – você precisa correr e levantar peso – para um homem de 60
anos, magro e em boas condições físicas e outra bem diferente fazer a mesma
recomendação para quem tem 80 anos e está debilitado. Como você orienta seus
pacientes?
Wilson
Jacob Filho - Ou para uma senhora que nunca praticou uma atividade física
sistemática, foi dona de casa e exclusivamente se ateve às tarefas domésticas.
A primeira coisa que faço é mostrar para essas pessoas que existem atividades,
que não o uso de medicamentos, responsáveis por sua saúde. Segundo passo: uma
vez que a pessoa esteja motivada para experimentar uma atividade física como
forma de promoção de saúde, é preciso explicar-lhe os tipos de exercícios que
promoverão o benefício almejado.
Queixa
muito comum do indivíduo que envelhece é a restrição para realizar determinadas
ações. Subir um degrau, o degrau do ônibus, por exemplo, é um desafio
ergonômico, tanto do ponto de vista de amplitude de movimentos quanto de força
de impulsão. É fácil demonstrar, mesmo no consultório, que para realizar esse
ato corriqueiro fazem falta força de contração muscular e amplitude articular.
A pessoa que não consegue abotoar um botão nas costas, levantar os braços acima
da cabeça, ou andar alguns metros, não tem simplesmente idade mais avançada. O
fator idade está agravado pela falta de competência e de treinamento muscular.
Os exercícios físicos promovem benefícios em pouco tempo. Algumas semanas
depois de ter começado a praticá-los contra uma resistência de três quilos, por
exemplo, o indivíduo percebe que já dobrou a carga. Isso lhe dá a convicção de
que vale a pena continuar insistindo.
Drauzio
- Na verdade, o músculo continua respondendo com hipertrofia independentemente
da idade que a pessoa tenha.
Wilson
Jacob Filho - Continua respondendo a
vida toda. Existem evidências científicas das mais variadas para mostrar que o
músculo do idoso, quando submetido a treinamento organizado, responde de forma
semelhante ao do jovem. Levando em conta o patamar geralmente mais baixo em que
se iniciam os exercícios, tanto do ponto de vista da função medida com o
desempenho, quanto do ponto de vista histológico, pode-se dizer que o músculo
do mais velho responde da mesma maneira que o do jovem. Isso não quer dizer que
o idoso, que treina, ficará jovem outra vez, mas que terá um acréscimo de força
e competência muscular exatamente igual ao que o jovem sedentário teria
começando e mantendo o treinamento durante o mesmo período. As curvas de
ascensão são absolutamente idênticas e, em algumas semanas de treinamento, o
idoso poderá adquirir condições musculares ou funcionais muito superiores ao do
jovem que não participou do experimento.
CONTROLE
DO REUMATISMO
Drauzio
- Qual o papel do exercício físico na prevenção das doenças reumatológicas, um
dos problemas sérios que enfrentam as pessoas de idade avançada, pois muitas
delas não conseguem sequer abotoar a própria camisa e acabam dependentes dos
outros?
Wilson Jacob Filho - Um dos motivos de queixa mais
frequente nos idosos são as limitações articulares associadas à dor nas
articulações, que se confundem e são conhecidas popularmente como reumatismo.
Em geral, o reumatismo no idoso corresponde às doenças osteoartrose e
osteoartrite, responsáveis pelas dores nos joelhos, quadril, tornozelos, mãos,
ombros, costas e na coluna cervical.
O
reumatismo tem como característica a degeneração, a perda da mobilidade
articular sem que haja um processo inflamatório propriamente dito, razão pela
qual o uso indiscriminado de medicamentos anti-inflamatórios pode prejudicar em
vez de ajudar. Se por um lado trazem alívio imediato, por outro provocam
efeitos adversos muito mais graves do que a própria doença.
Pergunta-se,
então, o que o exercício físico faz em termos de melhora dos sintomas. Primeira
na quase totalidade dos casos, quando realizado na juventude ou na idade
adulta, impede a instalação de vícios posturais ou de uso que levarão ao
agravamento da doença no futuro. Segundo, aumenta a competência e o vigor
muscular, o trofismo muscular, o que impede a manifestação da dor, embora a
doença tenha se estabelecido em determinada articulação. Em outras palavras,
todos os indivíduos que sentem dores localizadas, quando fazem exercícios que
promovem crescimento da massa muscular ao redor da articulação comprometida,
desenvolvem uma estabilidade nessa articulação que lhes permite usá-la sem dor.
Portanto, a terapêutica pelo exercício, seja pela fisioterapia, seja pela
atividade física depois que a dor passou, é benéfica tanto para tratamento como
para prevenção de dores futuras.
PRESERVAÇÃO
DO SISTEMA NERVOSO
Drauzio
- O problema mais grave do envelhecimento talvez seja a deterioração do sistema
nervoso central, a deterioração dos processos cognitivos. Você acha que,
dependendo do número de anos que vivamos, todos vão chegar a uma fase em que
perderemos o contato com o mundo que nos cerca?
Wilson
Jacob Filho - Acho que não. Acho que essa situação resulta de uma doença como
qualquer outra que pode acometer os indivíduos com idade mais avançada, uma vez
que raramente se manifesta antes dos 60 anos. Antigamente era conhecida como
esclerose cerebral – Ah, fulano está esclerosado -, mas hoje existe o consenso
de denominar de demência essa perda da capacidade de raciocínio advinda de uma
doença (no nosso meio, é a doença de Alzheimer). Infelizmente, ainda não
conhecemos exatamente os mecanismos pelos quais se desenvolve. O fato de
existir um caso na família não significa que todos vão ter o mesmo destino.
Casos familiares de Alzheimer são bastante raros. Desconhecemos as causas
exatas dessa enfermidade, sabemos que existem fatores de proteção e fatores de
agressão. Então, respondendo a sua pergunta. Nem todas as pessoas que
envelhecem terão esse tipo de acometimento. A maioria chegará ao limite da vida
gozando de plena consciência e equilíbrio mental. Hoje sabemos que, quanto mais
desenvolvida foi a atividade mental e intelectual, não necessariamente a
escolaridade, quanto mais o indivíduo usou seu cérebro, quanto mais exercícios
mentais fez, menor a probabilidade de desenvolver demência. E, se desenvolver,
será postergado o início da doença. Portanto, a lei de uso e desuso também
funciona nesse aspecto. Por outro lado, doenças sistêmicas que acometem o
organismo como um todo, são agravantes das doenças mentais. Diabetes e
hipertensão mal controlados, alcoolismo, tabagismo e, especialmente, as doenças
vasculares cerebrais são fatores agressores ou de risco para doenças mentais.
Portanto, o caminho a seguir para evitar que nos tornemos pessoas mentalmente
limitadas no futuro é cuidar da saúde continuamente, evitar que doenças
crônicas permaneçam sem controle e, acima de tudo, dar ao cérebro razões e
motivos para estar constantemente funcionando, mesmo depois do término das
atividades profissionais. Aquele senhor que almejava vestir o pijama e ficar em
casa depois da aposentadoria, ou a senhora cuja grande atividade mental é o
cotidiano da cozinha ou uma sessão de tricô no fim da tarde estão permitindo
que regrida a capacidade cerebral de ação entre os neurônios. Novas tarefas,
novas vivências, novos projetos são sempre bem-vindos, quando se trata de
preservar a atividade cerebral.
Drauzio
- Você poderia dar um exemplo?
Wilson Jacob Filho- A Universidade da Terceira Idade
é um grande exemplo. A maioria da nossa população com mais de 60 anos jamais
teve a chance de frequentar uma universidade, mas elas estão aí, assim como
estão os Grupos de Terceira Idade e os Centros de Convivência. Nesses locais,
preparados para atendê-lo, o indivíduo exercerá funções que provavelmente nunca
teve oportunidade de fazê-lo. Muitas pessoas procuram a Universidade da
Terceira Idade para serem alfabetizadas. Outras, para fazer o curso de
Geografia ou História da Arte com o qual sempre sonharam ou uma atividade
lúdica, ou uma atividade profissionalizante. Todas saem de lá com duas certezas
adquiridas. Primeira: percebem que podem aprender. Aquilo que aparentava ser um
período de decadência em suas vidas, na verdade não é. Existe a possibilidade
de ascendência, mesmo que não tenha acontecido antes. Segunda: passam a ver o
universo de maneira diferente. O ângulo de visão que era fechado abre-se para
um mundo novo. Todas as formaturas de alunos da terceira idade têm mostrado
esse tipo de perspectiva. O indivíduo olha para um futuro por um ângulo aberto,
de uma maneira absolutamente inusitada em sua vida.
PROBLEMAS
DE MEMÓRIA
Drauzio
- É comum encontrar homens e mulheres de 40 anos queixando-se da memória que
falha. Isso é real ou uma impressão subjetiva? A memória tende a desaparecer
com a idade?
Wilson
Jacob Filho- Antes de dizer que ela vai se modificando com a idade, é preciso
deixar claro que existem várias memórias: a de longa duração, a memória
imediata (eu me lembro da pergunta que você acabou de fazer para dar a
resposta), a memória recente (lembro hoje a recomendação que me foi feita
ontem), a memória do passado, da infância. Em geral, a que mais apresenta
comprometimento com o passar da idade, independentemente de qualquer doença, é
a memória para fatos imediatos. O fenômeno da demência compromete a memória,
mas é uma doença que pode ser diagnosticada e tratada. O indivíduo que
envelhece sem doença mental, como eu disse a grande maioria, percebe as
alterações da memória. Na fase de adulto jovem, elas estão associadas mais a um
déficit de atenção. O próprio reclamante afirma que para determinados fins sua
memória é ótima, mas que acaba esquecendo coisas menos importantes. É um
problema seletivo. Quando fazemos testes de memória nos idosos, comparando-os
com os jovens, percebemos que os idosos de boa memória usam estratégias mneumônicas
muito interessantes. O mais óbvio é que anotam os compromissos daquele dia:
contas a pagar, compras a fazer, etc. É muito comum também estabelecerem
relações que facilitam guardar determinados eventos. Por exemplo, se conhecem
uma pessoa chamada Wilson relaciona esse nome com o de um tio-avô que tinha um
nome parecido e não se esquecem mais dele. O jovem, por acreditar que sua
memória é infalível, não usa essas regras mneumônicas e se esquece do que
deveria fazer. Depois, reclama que está ficando velho, o que é absolutamente
inverídico.
Drauzio
- Existem exercícios para estimular a memória?
Wilson
Jacob Filho - Existe hoje o que chamamos de clínicas de memória, onde o
indivíduo é reestimulado a prestar atenção nos detalhes. O detalhe é um fator mneumônico
que leva a informação a possuir uma rede de busca ampliada. Essas pequenas
oficinas de memória como as que existem no Hospital das Clínicas, por exemplo,
permitem ao indivíduo descobrir formas de guardar os elementos de seu
cotidiano, evitando a perda de memória e o constrangimento que isso traz.
Drauzio
- Essa perda de memória que vem com a idade não pode ser atribuída ao acúmulo
de informações armazenadas no cérebro aos 50 anos, uma vez que aos 20 o acervo
era bem menor?
Wilson
Jacob Filho - Sem dúvida nenhuma, o armazenamento das informações é cumulativo.
Curiosamente, as adquiridas no passado são mais preservadas do que as do
cotidiano, o que confirma sua ideia. Como há menos espaço, a memória precisa
ser seletiva. Por isso, a nova informação só passa para seu patrimônio se for
realmente muito importante. Caso contrário, ou terá uso imediato ou será
apagada.
TERAPIAS
CONTRA O ENVELHECIMENTO
Drauzio
– Qual é sua opinião sobre os tratamentos para retardar o envelhecimento.
Wilson
Jacob Filho - Todos os tratamentos conhecidos até hoje carecem de justificativa
científica. Não existe até o momento nenhuma terapia à base de remédios ou de
dietas capaz de promover o retardo ou a regressão do envelhecimento. A única
coisa que se conhece são os mecanismos que postergam as decrepitudes, as
limitações, e que favorecem o envelhecimento saudável.
Drauzio
- Que conselhos você daria para as pessoas que estão passando dos 60 anos?
Wilson
Jacob Filho- Antes de qualquer coisa, essas pessoas devem ter certeza de que
vão viver muito. Nunca na história do ser humano houve a expectativa de se
viver mais de 60 anos como há agora. Depois, elas devem planejar como querem
viver esse tempo. Para tanto, é sempre útil ouvir a opinião de profissionais especialistas
no assunto. Por fim, é fundamental querer viver bem todos os anos que têm pela
frente e não aceitar de forma passiva os acontecimentos. A chave do sucesso
está em participar ativamente do processo de envelhecimento.
Drauziovarella.
Com.
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