O equipamento já foi testado em pacientes, produzindo os
mesmos resultados que os métodos tradicionais.[Imagem: Ag.Fapesp]
Dogma da Medicina
Há mais de dois séculos
perdurava um dogma na medicina, conhecido como doutrina de Monro-Kellie, que
afirmava que o crânio é uma estrutura óssea rígida e inextensível.
Nos últimos cinco anos,
pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP)
começaram a derrubar esse paradigma, estabelecido em 1783.
Eles provaram que o
aumento ou a diminuição da pressão intracraniana causa variações volumétricas
lineares na caixa craniana.
E que, em função dessa
pequena elasticidade da estrutura óssea, seria possível medir e monitorar a
pressão interna do cérebro de pacientes com hidrocefalia, traumatismo craniano
e tumores, sem a necessidade de perfurar o crânio, como fazem os equipamentos
existentes atualmente.
Pressão intracraniana
Para isso, os cientistas
brasileiros criaram um novo equipamento, simples e minimamente invasivo.
Idealizado pelo professor Sergio Mascarenhas, o equipamento ganhou duas novas
versões.
Na primeira versão, o
monitoramento da pressão intracraniana exigia que se raspasse o cabelo e se
fizesse uma pequena incisão na pele da cabeça do paciente, de modo a colar um
sensor sobre o crânio.
Esse sensor era
responsável por registrar a deformação óssea, que é proporcional à pressão
interna do cérebro.
Na nova versão, não é
preciso sequer cortar o cabelo do paciente. "Basta colocar o sensor sobre
o couro cabeludo para realizar o monitoramento", afirmou.
Faixa cerebral
Batizado de Brain Strap, o
equipamento consiste em uma faixa de 10 centímetros de largura, para ser
colocada em volta da cabeça do paciente.
O equipamento já foi
testado em pacientes com traumatismo cerebral, no diagnóstico e acompanhamento
de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) - que aumenta o volume
interno do cérebro e a pressão intracraniana -, e no diagnóstico de morte
encefálica, quando desaparece a pressão intracraniana, além de epilepsia.
Outras possíveis
aplicações do equipamento estão em farmacologia, para medir os efeitos de
drogas que atuam sobre desequilíbrios químicos do cérebro que alteram a pressão
intracraniana - como a enxaqueca - e em veterinária, para medir a pressão
intracraniana de animais de grande porte, como boi e porco, de modo avaliar a
presença de encefalite - que aumenta o encéfalo e a pressão intracraniana.
Diário da saúde.
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