Empresas em risco
Depois do escândalo recente da empresa Enron nos Estados Unidos, agora é a vez da japonesa Olympus colocar sua existência em risco por causas de mentiras sobre investimentos e lucros.
Mas por que um executivo poderoso e bem pago mente deslavadamente, mesmo sabendo que, quando for descoberto, isso irá fatalmente arruinar sua carreira, sua moral e até a empresa para a qual trabalha?
"Há muito tempo nós nos perguntamos por que é que pessoas inteligentes e racionais adotam esquemas de curto prazo mesmo sabendo que isso os fará afundar no longo prazo?" comenta Ramy Elitzur, da Universidade de Toronto, no Canadá.
Agora, ele e seus colegas acreditam ter encontrado a resposta.
Falta de racionalidade e de ética
Segundo os pesquisadores, há pelo menos duas razões para o comportamento não muito racional dos executivos.
A primeira é uma capacidade limitada de ver o quadro geral, algo que os pesquisadores chamam de "racionalidade limitada".
A segunda é uma ausência de uma "bússola ética" para guiar suas ações.
Mas o executivo não age sozinho: a pesquisa revelou que todos os interessados na empresa, os chamados shareholders, o que inclui, além dos acionistas, os fornecedores, sistema financeiro, empregados etc, compartilham das mesmas deficiências que os executivos e os encorajam a fazer o que é mais vantajoso para eles a curto prazo
"Não somos racionais"
"A resposta é: nós não somos racionais. Nós somente somos racionais em um sentido limitado," afirma Elitzur.
As nossas decisões são sempre feitas dentro de condições limitadas, que incluem as informações disponíveis, o tempo disponível para a decisão e a capacidade humana para analisar toda a situação.
Junte a isso uma pitada de falta de ética e a situação real se mostra bem menos "comportada" do que a teoria nos faz acreditar.
"Isso nos diz, por exemplo, que se quisermos executivos que se envolvam menos na manipulação de lucros e no uso de informações privilegiadas para ganhar dinheiro, nós devemos procurar gerentes que sejam mais éticos e sofram menos de racionalidade limitada," diz o pesquisador.
Mercados precisam ser controlados
Mas ele alerta que isto não é tão fácil quanto parece porque, se escolher um executivo ético parece essencial no momento em que os problemas aparecem, isso pode não ser do interesse dos shareholders futuros.
Até que esses shareholders também sofram na pele os problemas das ações que apoiam, eles não deixarão de agir assim, segundo os pesquisadores.
"Muitos acreditam que os mercados são eficientes e, dessa forma, a maior parte dos problemas do gerenciamento dos lucros deve ser corrigida pelos próprios mercados.
"Mas esta crença vem mudando com o tempo, e nós entendemos melhor agora que a manipulação de lucros ocorre e afeta os mercados," conclui o pesquisador.
A solução? Uma fiscalização mais atuante e essencialmente ética.
Diário da Saúde!!!
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