Estresses diferentes
Quando o casal enfrenta problemas de infertilidade, as preocupações e os níveis de estresse diferem entre homens e mulheres.
O marido tende a ficar mais estressado no relacionamento conjugal e sexual e na dificuldade em ter uma vida sem filhos.
Já para a mulher, o relacionamento com família e amigos, e a impossibilidade de gerar filhos, são os motivos que mais vêm à tona.
Os resultados surpreenderam Silvia Mayumi e Maria José Martins, pesquisadores da Unicamp, uma vez que se considerava que os casais passassem por dificuldades emocionais semelhantes ao buscar tratamentos para a infertilidade.
Acompanhante
Segundo as pesquisadoras, o estudo sugere que homens e mulheres passem por intervenções psicológicas de forma diferenciada quando estão em tratamento para tentar ter filhos.
"Ficou claro que o estresse ocorre em níveis e maneiras diferentes entre os homens e as mulheres e isto causou surpresa, pois se imaginava que o casal tinha sentimentos semelhantes. Por isso, a intervenção psicológica seria primordial para trabalhar aspectos específicos de cada situação", destaca Maria José.
As pesquisadoras observaram também que, mesmo sendo um problema comum ao casal, ao longo do tratamento, apenas as mulheres retornavam para as consultas com frequência. "O homem, quando aparecia, era na condição de acompanhante" explica Silvia.
Quando a dificuldade em gerar filhos era ocasionada por um distúrbio do homem, os pacientes eram encaminhados para outros setores específicos e o retorno ficava ainda mais difícil.
Sempre a mulher é quem participava das consultas com assiduidade. "Apenas na primeira consulta era exigida a presença masculina. Por este aspecto, o homem sempre se colocava como acompanhante e não como parte importante do problema," esclarece.
Reconhecimento da infertilidade
Outro dado interessante apontado na pesquisa diz respeito ao tempo médio em que os casais permaneciam sem filhos.
Pelo estudo, a maioria dos casais tinha mais de quatro anos de união.
Silvia acredita que muitos, depois do casamento, demoram a se dar conta de que são inférteis e, por isso, a busca pelo tratamento também ocorre tardiamente.
"Outros, primeiramente, buscam ajuda em suas cidades e, quando não conseguem solucionar o caso, recorrem ao serviço no Caism [hospital especializado na saúde da mulher, na Unicamp]. A resistência em realizar os exames para o diagnóstico também pode ser uma das justificativas para a demora em buscar o tratamento", argumenta.
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