Shakespeare foi um entendedor excepcional da ligação corpo-mente, o que pode ajudar os médicos se lembrarem que os sintomas físicos podem ter causas psicológicas. [Imagem: Wikipedia]
Conexão entre corpo e mente
Há poucos dias, o jornalista Moisés de Freitas virou hit nas redes sociais com um texto que critica a visão da ciência tradicional, que encara o homem como um animal humano, sem espírito.
Agora foi a vez de um médico britânico sugerir que ler Shakespeare pode ajudar os médicos a entenderem melhor a conexão entre a mente e o corpo.
O estudo, publicado no periódico científico Medical Humanities, destaca que Shakespeare foi um mestre na descrição do fundo emocional dos sintomas físicos de seus personagens, o que pode ajudar os médicos atuais.
"Eles poderiam aprender a ser médicos melhores estudando Shakespeare. Isto é importante porque os chamados sintomas funcionais são a principal causa de consultas aos clínicos gerais e dos encaminhamentos a especialistas," afirma o Dr. Kenneth Heaton.
Do psíquico ao fisiológico
O Dr. Heaton, que é médico, mas também profundamente versado em literatura, estudou não apenas toda a obra de Shakespeare, como também o trabalho de 46 outros autores da mesma época.
"A percepção de Shakespeare de que o torpor e as sensações intensas podem ter uma origem psicológica parece não ter sido compartilhada por seus contemporâneos, nenhum dos quais incluiu estes fenômenos nos trabalhos examinados", escreveu o Dr. Heaton.
Ele conclui que Shakespeare foi um entendedor excepcional da ligação corpo-mente, o que pode ajudar os médicos se lembrarem que os sintomas físicos podem ter causas psicológicas.
"Muitos médicos relutam em explicar os sintomas físicos por distúrbios emocionais, e isso resulta em diagnósticos tardios, exames em excesso e tratamentos inadequados," afirma.
O psicólogo Shakespeare
Ao contrário de seus contemporâneos, Shakespeare foi um mestre em vincular os sintomas físicos com os problemas emocionais.
Vertigem e tontura são observadas em cinco personagens em "A Megera Domada", "Romeu e Julieta", "Henrique VI", "Cimbelino", e "Troilo e Créssida".
Há onze episódios de falta de ar associada com emoções extremas em "Os dois cavalheiros de Verona", "O estupro de Lucrécia", "Vênus and Adônis" e "Troilo e Créssida".
Fadiga e cansaço como resultado de mágoa ou angústia aparecem em "Hamlet", "O Mercador de Veneza", "Do jeito que você gosta", "Ricardo II" e "Henrique IV".
Distúrbios de audição em períodos emoções intensas aparecem em "Rei Lear", "Ricardo II" e "Vida e morte do Rei João".
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