Cientistas começam uma corrida para substituir o abate de animais pelo cultivo de carne sintética em laboratório, a partir de células-tronco de animais. [Imagem: BBC]
Carne de laboratório
Um cientista holandês acaba de receber cerca de R$700 mil para fabricar um hambúrguer.
Poderia parecer uma barbada, não fosse o fato de que isso deverá ser feito sem usar a carne de um animal.
O Dr. Mark Post, da Universidade de Maastricht, é um dos pioneiros em um campo ainda emergente, mas que os especialistas afirmam representar o futuro: a produção de carne artificial, ou carne sintética.
Embora alguns filmes postados na internet, mostrando o abate de animais, estejam fazendo um número cada vez maior de pessoas deixar de consumir carne, o Dr. Post afirma que o problema é mais substantivo.
"O problema básico com a atual produção de carne é que ela é ineficiente," afirma ele.
Fábricas de carne
Em vez de moer a carne de um animal para fazer seu hambúrguer, o Dr. Post está cultivando seus bifes em laboratório, diretamente a partir de células-tronco musculares de animais.
Se ele tiver sucesso, a tecnologia poderá mudar a forma como produzimos alimentos: "Nós queremos transformar a produção de carne, passando das fazendas de criação de gado para um processo fabril," afirma ele.
A ideia original foi do também holandês Willem van Eelen, que perseguiu a ideia por décadas, sem muito sucesso.
Com o advento das pesquisas com células-tronco, contudo, inúmeros grupos de pesquisa ao redor do mundo acreditam que o momento da carne artificial finalmente chegou.
Bifes para astronautas
Em 2002, a NASA financiou o Dr. Morris Benjaminson, da Universidade Touro, em Nova Iorque, para tentar fazer carne de células cultivadas em laboratório para alimentar astronautas.
Ele retirou células musculares de peixinhos dourados e fez com que elas crescessem fora do corpo do animal.
O filé foi marinado e um painel de avaliadores concluiu que ele se parecia e cheirava como um filé de peixe real - mas eles não puderam comê-lo porque as leis sanitárias impedem o consumo de produtos experimentais.
Os hambúrgueres de carne sintética já começaram a ser cultivados, mas ainda são duros e sem sabor. [Imagem: BBC]
Frentes de pesquisa
Em 2005, o Dr. van Eelen finalmente convenceu o governo holandês a apostar na fabricação de carne artificial, recebendo um financiamento de quase R$5 milhões.
A equipe atacou várias frentes.
Uma parte da equipe explorou como as células-tronco embrionárias poderiam ser forçadas a se diferenciar em células musculares.
Um segundo grupo começou a investigar como as células musculares poderiam ser induzidas a se tornar maiores.
Um terceiro grupo começou a estudar o meio de cultura ótimo para a criação de carne em laboratório.
Recentemente o dinheiro acabou, e agora as pesquisas continuam em ritmo mais lento, ainda sem frutos definitivos.
Hambúrguer sintético
No início de 2011, um filantropista anônimo procurou o Dr. Post, que já trabalhou com o Dr. van Eelen, e propôs pagar bem por um hambúrguer de carne artificial.
"Será provavelmente o hambúrguer mais caro que já vimos neste planeta," brinca o pesquisador.
Entrando na onda, a ONG PETA (People for the Ethical Treatment of Animal) acaba de anunciar um prêmio de US$1 milhão para a primeira empresa a colocar a carne sintética em pelo menos seis estados norte-americanos até 2016.
Sashimi sintético
Mas a primeira pessoa a comer carne artificial já teve seus cinco minutos de fama: um jornalista de uma TV russa que visitou o laboratório do Dr. Post.
"Ele simplesmente pegou [o pedaço de carne] e enfiou-o na boca antes que eu pudesse falar nada," contou o Dr. Post.
Segundo o jornalista, a carne artificial parecia uma goma de mascar e não tinha sabor.
Ou seja, ele confirmou o ditado que diz que o apressado come cru... e sem tempero.
Diário da saúde!!!
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